Se alguém faz um evento e ele dá certo uma vez, as pessoas dizem que é sorte. E se por três vezes consecutivas um evento consegue lotar um bar e as pessoas estão verdadeiramente dispostas a ouvir trabalhos totalmente novos nunca antes vistos e ouvidos pela maioria? Qual termo definiria melhor isso? Penso que o termo seria “Reeducação musical”. É isso que o Corrente Cultural vem promovendo mensalmente no palco do NY Pub.
Estamos em um mundo em que a maioria das pessoas só “engolem” as músicas que o rádio toca, as que estão na mídia. Conseguir essa “reeducação” em Poços de Caldas é algo que empolga cada vez mais os membros do coletivo.
Nesse mês de maio de 2010, a Noite Independente virou Noite Fora do Eixo, com apresentações das bandas que participam do circuito. Membros de 14 coletivos de várias cidades e regiões do Brasil estavam na cidade por conta do projeto CMMI, que trouxe a Poços de Caldas oficinas de grande importância voltadas para a capacitação de novos agentes culturais. Os shows marcaram o primeiro dia das oficinas, e não poderiam ter sido melhores.
Música instrumental é algo novo nos eventos do Corrente Cultural, e esse segmento musical foi “inaugurado” (e muito bem inaugurado!) pelos sabarenses da banda 4Instrumental, que fazem parte do coletivo Fórceps. Eles abriram a noite mostrando muita técnica e composições muito ecléticas dentro dos gostos de cada um. Frases invejáveis de baixo, teclado e uma pegada peculiar do guitarrista e do baterista fizeram o público ficar com os olhos vidrados a cada música. O mais atraente das composições da banda é que no decorrer da música elas mudam de repente, sem que ninguém espere. O pessoal que viu aplaudiu com prazer esses belos representantes da música instrumental.
Depois de uma apresentação arrepiante do 4Instrumental, sobe ao palco os caras da banda Vitrolas (www.vitrolas.com.br) de Belo Horizonte (MG). Com dez anos de estrada e dois discos lançados, a banda descarregou toda experiência acumulada no palco do NY Pub! O show já começou pondo fogo na galera, com um rock n’roll de primeiríssima qualidade. O quinteto esbanjou simpatia e interação com o público e mostrou por meio de “guitarradas eletrizantes” tudo o que eles queriam mostrar. Quem deu um show a parte foi o vocalista principal da banda, que mostrou muita (!!!) técnica e potência vocal. Aliás, por falar em vocalista, além do principal, mais dois membros da banda também “desempenham esta função” muito bem, diga-se de passagem. No repertório haviam canções que, segundo eles mesmos, nunca haviam sido executadas ao vivo.
Ficou com a banda Utrinka, de Ribeirão das Neves (MG), a responsabilidade de fechar a noite com chave de ouro… e eles não decepcionaram! O show foi energia do começo ao fim. Com uma formação bem simples e tradicional, o grupo mostrou que não precisa de muitos recursos pra se fazer um som de qualidade. O quarteto mostrou muita criatividade nos riffs bem bolados e solos “fritados” do guitarrista. Boa parte do peso do som também ficou nas mãos do baterista, literalmente. Uma das músicas que a banda executou foi recém-finalizada e quem estava lá, ouviu em primeira mão!
Assim, chegou ao fim em grande estilo mais uma ação bem sucedida do Corrente Cultural, que está conseguindo cumprir o que propõe.
Dessa vez, até que não estava presente pôde sentir um pouquinho da energia que tava rolando por lá. As apresentações foram transmitidas ao vivo através de streaming na rede e claro, as boas e velhas twitadas não deixaram de acontecer através do @cccultural. Tudo rolou nos conformes mais uma vez graças ao empenho dos membros do coletivo e da presença essencial do público. A revolução musical é possível e o Corrente Cultural surgiu e está trabalhando para reforçar isso! Que venha a próxima Noite Independente!