Sinestesia: a arte independente em sensações na Noite FdE Poços de Caldas


Foto: Malu Renó

Foto: Malu Renó

No último domingo, 16, os poços caldenses mais uma vez puderam prestigiar a cultura independente, expressão essa fomentada na cidade pelo Coletivo Corrente Cultural. A Noite Fora do Eixo / Noite Independente, mais do que uma ação contínua de reeducação musical, é uma marca no calendário de Poços de Caldas trazendo boa música autoral e expressões artísticas diversas durante todos os meses do ano.

Em outubro de 2011, a Noite chegou a sua 21ª edição em meio à mesma chuva que alimentou nossas nascentes no festival Manancial durante os dias 7, 8 e 9. Se para alguns chuva é motivo de preguiça, para tantos outros é inspiração para se contemplar a arte feita ao vivo. Foi nesse espírito que foliões da música independente, entusiastas da fotografia e literatura, e pessoas simplesmente em busca de entretenimento inteligente sentaram-se às mesas do New York Pub nesse domingo.

E enquanto o palco era preparado, podia-se notar observadores a se encantar com o #VaraldaArte, que trouxe na sua edição de outubro os poemas do sambista Allisson Vieira e a arte sob as lentes da câmera de Luísa D’Angelo. Hábil entre focos, cores, enquadramento e muita poesia, a fluminense Luísa traz um trabalho de pretensão leve e ao mesmo tempo entorpecedor, capaz de deixar qualquer um “fora do ar” como a um pôr-do-sol em meio ao caos da cidade barulhenta. Allisson (Poços de Caldas-MG) faz, em letras de samba e poemas, versos de elegância presentes na graça dos poetas de botequins. Quem leu, abismou-se de ver ainda um manuscrito, composto durante a madrugada, na véspera do evento.

Quando o palco se tornou o destaque, o primeiro a se apresentar foi o poços caldense Danilo Menezes. O guitarrista, professor de música, arranjador, compositor e transcritor de partituras, apresentou o trabalho instrumental que estará no seu primeiro CD, ainda em fase de produção. Sob acompanhamentos de flauta, sax, trompete, teclado, baixo e bateria, Danilo descarrilhou solos de guitarra em composições de muita criatividade, senso artístico e técnica exuberante. Além de ótimo instrumentista, Danilo ainda se mostrou bastante simpático, com a preocupação em explicar cada composição ao público que seguia atento ao show, como na canção “Em tom de despedida”, em que contou um emocionante episódio sobre seus avós, que eu, caro leitor, sou incapaz de esmiuçar aqui tamanha a sinestesia.

Aliás, também sinestésica e difícil de explicar, foi a segunda apresentação da Noite. A Lúmen (Belo Horizonte-MG), que ganha esse nome a partir da “intenção em se passar a sinestesia da banda em relação às luzes e cores” – segundo os próprios integrantes – apresentou sucessos do EP Monólogo, como Porta-Retrato e Findo Ciclo, além de canções que devem estar no segundo álbum da banda, de produção totalmente independente, sob a filosofia de Homestudio, de lançamento previsto para 2012, “antes do fim do mundo”, segundo Cido, vocal da banda. O quarteto voltou a Poços reafirmando a consagração obtida em março desse ano durante o Grito Rock, o maior festival integrado da América Latina, que em sua edição local os recebeu ainda sob o nome de Utopia.

Se você acha que outubro já acabou, ou já está se vestindo de vampiro bonzinho para o Halloween, se prepara que o Coletivo Corrente Cultural ainda te traz Literatura, Fotografia e artes visuais no Sarau Poesia na Praça e uma proposta surpreendente que te levará ao Shopping Poços de Caldas para se juntar à arte independente.


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