Noite Independente de outubro


Naquela noite de quarta-feira chegavam à Noite Independente de outubro nossas 2 bandas convidadas. Se de um lado tínhamos um time completo de figurantes de algum cabaré siciliano travestidos de recifenses, do outro tínhamos um maluco muito mais que beleza se articulando no rock dentro da cultura mineira. É, quase uma salada geográfica retirando-se o cunho musical, eu já adiantando sua já quase indignação. Mas partamos para o que nos interessa.

Babi Jaques e os Sicilianos (Recife PE) [www.myspace.com/babijaqueseossicilianos] abriram a Noite Independente de outubro escancarando uma arte musical cênica de dar aquela inveja gostosa. Apresentando as músicas do EP lançado em julho deste ano, intitulado homonimamente de “Babi Jaques e Os Sicilianos”, canções praticamente inclassificáveis, Babi de luvas e flor no cabelo e aqueles 4 sicilianos bem trajados plantaram arte em nossos ouvidos. Eu poderia sugerir uma MPB “alternativa”, mas não é. Nem erudito. Tocavam fácil: foi como se Villa Lobos virasse tamboriladas dos dedos de um malandro no balcão do botequim. Aquela voz suave captada pelo microfone cenograficamente vintage, estava muito bem acompanhada de uma base de guitarra, baixo e bateria de primeira linha.

Foi brando, estonteante, fervoroso e fino do começo ao fim. O resultado foi um público sedento por adquirir aquele EP, o que concedeu aos recifenses o mérito de recorde de vendas das Noites Independentes. Além, é claro, de uma sensação ótima, saudável e confortante, de se ouvir música realmente boa.

A segunda banda da Noite foi excentricamente delirante. Sem maiores delongas, o som se firmou: rock, regionalidade e psicodelia. Com um visual mais que despojado – eu quero dizer autêntico – numa mistura harmoniosa de poeta pândego, hippie, punk e mosca na sopa, Moe, de gaita, violão, peito nu e óculos escuros, apareceu com seu atual projeto Moe e Os Independentes Químicos (Poços de Caldas MG)[www.myspace.com/moe_independentesquimicos], uma banda de completo feeling e competência musical. A criatividade aflorada nas composições de letras que vão desde o folclore regional a sátiras sociais, está muito bem casada com a sonoridade de viola, violão, gaita, guitarra, baixo, bateria e um belo vocal feminino de apoio.

Moe fez um show “chic”, tomando a expressão que esse grande artista dispara constantemente em enorme simpatia. Com mais de dez registros entre CDs e DVDs, responsável por quebrar muitas das barreiras invisíveis da cena local e precursor da nova geração de compositores poçoscaldenses, Moe nos concedeu um show que merecia resenha própria, exclusiva e persuasiva pra todo o mundo dar conta da importância da existência da sua música.

Os escritos de Victor Negri [verknupfung.blogspot.com] e os desenhos da artista plástica Tetê Nassif [Tetê Nassif], fizeram a intervenção no cenário de toda essa música, completando a percepção de que arte mesmo é a arte integrada.

E se dela nos alimentamos, que produzamos mais arte, independente, autoral, com nossos anseios e nossas virtudes! Música boa é a que nós mesmos fazemos!

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